
Primo Levi observou que, "onde se faz violência ao homem, faz-se também violência à língua e à cultura, mencionando o silêncio imposto pelo próprio isolamento das vítimas, o desvio perverso da linguagem dos campos e os seus efeitos de terror, bem como a perpétua mentira, pronunciada pelos nazis, através de uma linguagem cifrada: por exemplo, Sonderbehandlung (tratamento especial) significava, na realidade, a morte pelo gás."
Hannah Arendt lembrou que os nazis estavam completamente convencidos que uma das maiores possibilidades de sucesso do seu empreendimento criminoso residia no facto de ninguém no exterior poder acreditar no que realmente se passava em Auschwitz. Em 1942, um SS expressou-se assim com um prisioneiro:
«haverá talvez suspeitas, discussões, pesquisas feitas pelos historiadores, mas não haverá certezas, porque nós destruiremos as provas ao destruir-vos. Mas mesmo que subsistam algumas provas e que alguém de entre vós pudesse sobreviver, as pessoas dirão que os factos que vocês descreverão são demasiado monstruosos para neles se acreditar».
E a verdade é que muitos sobreviventes contaram que, ao regressarem ao mundo, depois de ultrapassarem o seu próprio silêncio acerca do que tinham vivido, sentiram que os outros não queriam acreditar neles ou preferiam mesmo não tomar conhecimento do horror dos campos."
«haverá talvez suspeitas, discussões, pesquisas feitas pelos historiadores, mas não haverá certezas, porque nós destruiremos as provas ao destruir-vos. Mas mesmo que subsistam algumas provas e que alguém de entre vós pudesse sobreviver, as pessoas dirão que os factos que vocês descreverão são demasiado monstruosos para neles se acreditar».
E a verdade é que muitos sobreviventes contaram que, ao regressarem ao mundo, depois de ultrapassarem o seu próprio silêncio acerca do que tinham vivido, sentiram que os outros não queriam acreditar neles ou preferiam mesmo não tomar conhecimento do horror dos campos."
Auschwitz nunca poderá ser totalmente explicado, porque a morte e o extermínio de milhões de pessoas (homens, mulheres, crianças) nunca poderá ser explicado e esperemos que nunca possa ser compreendido.
Deve, isso sim, ser lembrado, para não nos esquecermos nunca do que o Homem é capaz!
Bibliografia
- Arendt, Hannah, Sur l´antisémitisme, Paris, Seuil, 1973, 1.ª, 1951
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